Todo mundo está cansado de saber que a base tanto do desenvolvimento sustentável quanto da sustentabilidade corporativa é o triple bottom line, que consiste em buscar um equilíbrio entre as dimensões econômicas, sociais e ambientais. Este conceito é de conhecimento geral há pelo menos 20 anos, quando John Elkington lançou seu brilhante livro Cannibals with Forks (Canibais com garfo e faca). No livro, o autor faz a singela pergunta:
É progresso se um canibal usar um garfo?
Acontece que, hoje, o mundo é infinitamente mais complexo que 20 anos atrás e a gente tem muitas outras variáveis com as quais se preocupar quando se trata de sustentabilidade.
Quando eu pensei nessa questão de geometria da sustentabilidade lá em 2011, muito se falava no quarto pilar, que no caso era a cultura. Isso acontecia por causa da crise da globalização e da pausteurização da cultura. Seria algo mais ou menos como a importância de se preservar a cultura local em meio a um mundo e empresas cada vez mais globais.
Só que mesmo lá atrás eu achava que esse quadrado da sustentabilidade já estava meio que datado. Na época pensei em mais um pilar, vislumbrando que em um futuro próximo, questões como mudanças climáticas e escassez de água, por exemplo, mudariam a geografia do planeta e, até mesmo, das empresas. Lembrando, por exemplo, que a Guerra da Síria, que hoje é uma guerra fundamentalmente política, começou com anos seguidos de seca na zona rural, fator este que levou parte dessa população para as grandes cidades do país, que diante da falta de emprego e de melhores perspectivas, foi para as ruas protestar por melhores condições de vida. O resto a história está contando.
Acontece que hoje, passado sete anos desde que pensei num, digamos, pentágono da sustentabilidade, vejo a necessidade de transformá-lo em um hexágono, já que na sociedade do conhecimento e na sexta onda de inovação, a tecnologia será fundamental para a sustentabilidade. Estou falando de tecnologia para energias limpas, tecnologia para transformar qualquer água em água potável, tecnologia de mobilidade, tecnologia de comunicação...
Enfim, vocês concordam com essa evolução e que o discurso do tripé da sustentabilidade já deu ou ele ainda atende às demandas empresariais e das sociedades?
Artigo publicado originalmente no Linkedin, pela nossa CIO, Julianna Antunes