Falar de empreendedorismo ou negócio social já não é algo estranho para o público médio. O tema é recorrente em publicações, na TV, nas universidades, nas redes sociais... já há vários cursos sobre isso e até mesmo hackathons. Apesar de ser tema recorrente, não raro, as pessoas confundem empreendedorismo social e empreendedorismo sustentável. Acontece que, mesmo sendo temas bem interligados, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
O que são negócios sociais?
Grosso modo, negócios sociais são um setor onde as organizações são movidas por lucro, mas cujo business está relacionado ao desenvolvimento social/ambiental. Sua maior vantagem em relação às ONGs é que, justamente, por ser uma empresa, pode crescer e atrair investimento. E é atuando nessa causa que entra o conceito de geração de valor. Por exemplo: uma organização voltada para alimentação saudável que trabalha no desenvolvimento de cooperativas de agricultura orgânica. Uma empresa que trabalha com produtos ou soluções voltadas para o empoderamento feminino. Uma empresa que ajuda a melhorar as habitações em regiões da periferia das cidades.
Também chamado de setor 2.5, negócios sociais funcionam adotam um modelo que propõe transformação e melhoria social/ambiental de forma sustentável, principalmente porque não fica na dependência de doações e tem compromisso com gestão e eficiência operacional.
Para quem tem interesse em negócios sociais, um bom lugar para começar a se inteirar sobre o assunto é o Social Good Brasil, uma organização cujo propósito é disseminar e incentivar o uso das novas tecnologias e mídias sociais para enfrentar os grandes problemas mundiais.
A Rede Artemísia, de São Paulo, funciona, dentre outras atividades, como incubadora de negócios sociais.
Outra fonte de informação sobre o tema é o Yunus Negócios Sociais, unidade brasileira da Yunus Social Business Global Initiative, fundada por Muhammad Yunus, o maior expoente do empreendedorismo social. Em seu discurso como ganhador do Prêmio Nobel da Paz, Muhammad Yunus disse: “Um empreendedor social, ao invés de ter apenas uma fonte de motivação, como a maximização de lucro, tem duas: maximizar lucro e fazer o bem para as pessoas e o mundo”.
Mas e o empreendedorismo sustentável?
Vamos lá. Todo empreendimento social é, potencialmente, um empreendimento sustentável. Nem todo empreendimento sustentável é um empreendimento social.
Quando falamos de empreendedorismo sustentável, não estamos falando das causas que motivam as empresas a surgirem, nem dos problemas socioambientais que elas querem resolver, mas de como a sustentabilidade atua no modelo de gestão de uma empresa, nos processos operacionais, nos processos de negócio, no planejamento estratégico, no produto.
Por exemplo: uma pessoa que resolve abrir uma empresa de entregas que só funciona com bicicletas, é um empreendimento sustentável sem necessariamente ser um negócio social. Ou um restaurante que só utiliza legumes, verduras e frutas de agricultura familiar. Ou uma empresa que utiliza a economia circular para gerar menos resíduo em sua produção.
Lembrando que não basta uma ação ou um processo específico para o empreendimento ser sustentável. É preciso que a sustentabilidade esteja inserida dentro de uma visão sistêmica e integrada à gestão.
E lembrando, também, que atuando ou não em uma causa, seja um negócio que vai transformar o mundo ou apenas mais um negócio no bairro, o empreendedorismo social e o empreendedorismo sustentável são fundamentais para o bom funcionamento de qualquer sociedade.