Seja por estarem mais conscientes de que precisam se adaptar aos novos tempos, seja por pressões externas relacionadas aos critérios ESG (Ambiental, Social e de Governança, na sigla em inglês), cada vez mais empresas estão fazendo o reporte das emissões de GHG (Greenhouse Gases, gases de efeito estufa/GEE em português) e anunciando compromissos com a redução de emissões de gases de efeito estufa e como irão abraçar uma economia de baixo carbono, contribuindo assim para frear as mudanças climáticas.
Há as que anunciam buscar emissão negativa de carbono ou uma pegada negativa de carbono, o que significa planejam remover da atmosfera um volume de gases de efeito estufa maior do que liberaram. Algumas estão buscando zerar suas emissões líquidas ou chegar a “zero líquido”. Neste caso, o objetivo é remover da atmosfera o mesmo volume de gastes de efeito estufa que liberaram. Um terceiro grupo fala em compensar o carbono emitido. São aquelas que não conseguem diminuir ou zerar suas emissões e veem “compra de créditos” de outras empresas, cujos modelos de negócio geram emissões negativas, ou no financiamento de projetos plantio de árvores, por exemplo, a solução para diminuir seu passivo ambiental.
Mas afinal, como são calculadas essas emissões de gases de efeito estufa que as empresas buscam diminuir ou até mesmo zerar e que farão parte do reporte de GHG?
A emissão de gases de efeito estufa (GEE) é inerente à vida pós-revolução industrial, em especial quando consideramos atividades que dependem da queima de combustíveis fósseis. O consumo de água e energia, o uso de matéria prima, transporte, o uso da internet... tudo tem como consequência a emissão de gases de efeito estufa. Respirar libera CO2 e hoje somos quase 8 bilhões de pessoas no mundo liberando CO2. Mas tudo isso seria “contornável” se não estivéssemos consumindo os recursos naturais num ritmo maior do que o planeta consegue regenerar.
Bom, voltando ao cálculo das emissões de GHG (Greenhouse Gases, gases de efeito estufa, em português), é importante dizer que existem emissões diretas e indiretas, e, que, de acordo com GHG Protocol (Greenhouse Gas Control), estão divididas em escopos 1, 2 e 3, conforme explicado abaixo:
Emissões de Escopo 1
Sua contabilização para as emissões da empresa é obrigatória e leva em consideração as emissões geradas diretamente pelas operações da própria empresa. Aqui as emissões são provenientes de fontes que pertencem ou são controladas pelas empresas.
Emissões de Escopo 2
Sua contabilização para as emissões da empresa também é obrigatória e leva em consideração as emissões indiretas, geradas pela energia elétrica adquirida e consumida pela própria companhia, incluindo eletricidade, vapor, calor e refrigeração.
Emissões de Escopo 3
O cálculo das emissões classificadas como escopo 3 é voluntário. Aqui entram as emissões indiretas não incluídas no escopo 2 provenientes da operação e da cadeia de valor da empresa, ou seja, emissões ligadas a extração e produção de matéria-prima, gestão de resíduos, logística, uso final dos produtos, entre outros.
A terceirização de serviços e meios de produção, sendo uma importante oportunidade para redução de custos das empresas, faz com que muitas vejam parte importante das suas operações passarem dos escopos 1 e 2 para o 3, cuja inclusão no cálculo é voluntária. Uma empresa, por exemplo, que terceiriza para o Google seus serviços de processamento e armazenamento em nuvem irá deixar de considerar toda a energia consumida para fazer os centros de armazenamento e processamento funcionar que teriam sido incluídos no escopo 2 já que eles passam a serem considerados escopo 3. O que isso significa? Que as emissões totais da empresa irão cair barbaramente, caso ela não reporte do escopo 3, ficando muito mais fácil e barato compensar ou zerar suas emissões.
Assim, quando uma empresa lança suas metas relacionadas a emissão de gases de efeito estufa, deve-se olhar atentamente como está sendo feito o cálculo e ainda como a empresa planeja avançar na redução das suas emissões.
Compensar comprando créditos para que possa continuar poluindo não deixa ninguém bem na fita, apenas mostra que o negócio é lucrativo o suficiente para que ela possa comprar créditos de terceiros. Reduzir suas emissões “terceirizando o problema”, da mesma forma, não gera os efeitos necessários para seja possível impedir que o planeta continue aquecendo.
Reportar emissões e fazer planos para reduzi-las é certamente fundamental, mas sem transparência e compromissos sérios, pouca diferença fará. As empresas precisam reformular seus modelos de negócios e abraçar a economia de baixo carbono. É preciso começar a gerar impacto positivo, ou seja, deixar uma contribuição positiva a partir de sua operação. Ao contrário do que a maioria imagina, economia de baixo carbono não significa eliminar setores economicamente importantes, mas ambientalmente sujos. Significa, apenas, que a tecnologia e a inovação estão à disposição para melhorar ou, se preciso for, transformar esses setores.
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